Encontro ou Desencontro?
Finalmente chegou a hora. Estava uma pilha de nervos. Mas claro, depois de tantos e delirante papos pela internet queria causar a melhor impressão possível. Conhecia-o um pouco porque havia buscado informações no perfil, conversado online, trocado fotos e passado inúmeras horas ao telefone e tinha certeza que combinávamos em tudo. Delonguei por várias vezes o contato pessoal, mas sentir que aquele era o momento de nos conhecermos pessoalmente.
O dia dava a sensação que tudo ia dá certo! Então resolvi encarar meus medos. Marquei aquele inevitável encontro. Enquanto ele se dirigia até a faculdade eu, como uma demente, enlouquecia ao sentir o momento se aproximar. Sem parar, arrumava os cabelos...
Na hora marcada fui ao seu encontro. E ele gentilmente veio na minha direção. Era o deus que estava nos meus pensamentos. A língua travou. Embora com vinte e um anos, era inexperiente, não sabia como agir. Aquela era a primeira vez que estava nessa situação. Ao contrario de mim, ele sabia, e puxou conversa. O assunto em pauta era nossas expectativas sobre a ocasião. Tínhamos assunto pra manga, afinal qualquer encontro gera muitas expectativas. Agora a grande questão era saber se seriam supridas.
Como um quebra cabeça, as peça iam se juntando: as fotos do orkut, as informações no perfil, as mensagens do msn, a conversa por telefone, o jeito de falar etc., uma bela imagem na minha frente. Examinava-o do pé a cabeça, procurando não sei o que. Uma camisa longa, calça e sapatos, traçavam seu estilo. Tinha braços fortes que me chamaram a atenção. Entretanto, comecei a notar que algumas características que atribuir não passava de ficção, "inventei", porque gostaria que ele as tivesse.
Antes que esqueça, nunca espere que o primeiro encontro leve a um namoro até, por que, o outro pode desejar o contrário. Talvez ele não quisesse compromisso sério, tendo somente a intenção de encontrar alguém legal para se divertir um pouco. Ele tinha por tarefa ser "a pessoa", e de tornar nosso encontro "perfeito". Meu maior equívoco. Idealizei demais. Exagerei na dose do perfeccionismo.
Por alguns minutos, tive dúvida que tudo era real, pensava que não passava de um grande desejo de encontrar alguém. Bom, como disse queria que ele fosse exatamente como imaginava, mas não era. Tinha qualidades que nem imaginava. Era muito gentil, tímido, mas bem-humorado. O que isso quer dizer? Ele não era exatamente igual ao imaginado, mas era interessante assim mesmo.
Interessante não o bastante para mim. Ele tinha que ser o cara, porém deixou a desejar. Não sei o que faltou, talvez, diálogo. Conversamos pouco. Tínhamos pouco tempo e usamos os minutos existentes para nos olharmos fixamente. E quando percebemos que estávamos nos devorando pelos olhos, ele sutilmente tentou me beijar. Tentou não o deixei. Sei lá o que me deu.
Não vou negar que sentir vontade de tocar seus lábios, mas é como se meu coração pedisse que esperasse um outro alguém, que nem eu sei quem é, mas que estou e continuo esperando, para finalmente experimentar sua boca. Como percebi que não era ele só pensava em sair dali. Despedimos-nos. Cada um de volta ao seu mundo. Ele sem fazer parte do meu e vice-versa.
O que sobrou disso tudo. Hoje sei que essa pessoa perfeita só existe em minha mente ou em contos de fadas! Por isso, busco a partir de agora alguém com defeitos. Abandonei definitivamente a ideia do "príncipe" e aceitar o "sapo", ou seja, alguém possível e existente, imperfeito como eu e você.