quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Beijo demorado

 BEIJO DEMORADO
 Noites e noites, em claro, idealizando o sabor daqueles lábios sequiosos, tangidos e quentes. Sem piedade, ambicionava-os. Não sei se era uma ingênua fantasia ou um simples capricho, apenas o queria para mim. Embora não soubesse ao certo, o que fazer, ao tê-los colados nos meus lábios carentes e impetuosos.

Tocar seus lábios era sem dúvida, um desejo desvairado, que consumia meu corpo. Um sedento prazer que sentir logo que o vi pela primeira vez. Como um feitiço maldito, seus olhos, transformavam meu mundo. Seu sorriso. Ah! Seu sorriso... Era demais, irresistível. Nada me fazia tão bem quanto vê-lo sorrindo. Seu perene abraço eternizava meu amor e meu desejo de viver em seus braços. Ele me guiava...e só ao seu lado me sentia plenamente feliz.
E em um desses dias normais aconteceu nosso e o meu primeiro beijo . Inusitado, diferente, sem graça, avassalador, superficial, insolente... primoroso. Nenhum adjetivo seria suficiente para descrever aqueles precisos minutos que nossos lábios ficaram selados, que nossas línguas dançavam, com carinho, em busca do êxtase.

Tudo perfeito: O dia e ele mais inda, pelo menos era o que aparentava. Entre o silêncio de quatro paredes  permanecemos ali, eu e ele. Repentina e prazerosamente obedientes, partimos um em direção ao outro. Encontro de duas bocas devassas. Dois corpos ardentes. Suspiros excitantes. Coração acelerado. Respirações ofegantes. Troca de sensações. Plena entrega. Confissões.


Nossos lábios de leve se tocaram. Brutamente, se sentiram e se desejaram. Se antes a cobiça era absoluta, naquele instante, o medo imperava sobre aquelas pobres almas perdidas, que deixaram de seguir a razão e se entregaram ao ápice do prazer. Um prazer que minha boca esperou por mais de duas décadas. Longo tempo na ânsia por descobrir o néctar mais puro do mundo.

Parecia loucura. Uma estranha sensação a qual não tive controle apesar de lutar contra sua insanidade. Luta em vão, já que meus lábios o caçavam ferozmente. De repente descobri, através do seu toque, que o beijo era o início de todo ensejo. Ele como um beija-flor almejava, em busca de alimento, desabrochar o íntimo da minha pétala. Por outro lado, eu não queria nada mais além do meu primeiro beijo.

Seu beijo doce, meio sem jeito, sem arte, sem pressa, sem pudor, erótico, intenso... Deixou-me demente, leve, culpada, inerte, complacente, tonta, insana. Deixou-me intranqüila, sedenta, adormecida, esquecida, como que se sonhasse em chama no inferno. Recompondo-me sutilmente, desconfiei que ele não soubesse que este era meu primeiro beijo. Já que me queria em cima de seu peito por longo tempo.

Teu gosto de mel, seu cheiro embriagante de perfume provocante, sua saliva embaladas de gemidos, nossa troca molhada de ternura aguçava meu libido de um jeito bandido, que meu corpo arrepiava, mergulhado em fantasia.

Não restou um leve traço. Sentir a doçura de seus lábios na minha pele, no rosto, pescoço, orelha e nos meus seios. Nossa! Gosto de morango delicioso. Seu beijo, úmido de desejo se espalhou em cada parte do meu corpo ávido de encanto.
 Reconheço que fui covarde ao conceber, sedenta, meus lábios. Mas, depois que me entreguei aos seus cálidos beijos me sinto mais mulher. Estou pronta para dormir tranqüila, feliz, livre, sem receio dos pecados, sem temer carência, pois você afastou o medo de desejar seus lábios molhados, de sentir o calor que procurava. Agora envolvida preciso beijar-te para continuar vivendo. Quero sentir, novamente, seu corpo vibrante e ardente colado no meu. Seus braços fortes, me envolvendo, me aprisionando.

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